Expectativa dos analistas de mercado para o IPCA deste ano recuou de 4,64% para 4,47% na semana passada; desde 2009 o índice não fica no centro da meta, que atualmente é de 4,5%.
Os economistas do mercado financeiro baixaram sua estimativa de
inflação para este ano, com base no Índice Nacional de Preços ao
Consumidor Amplo (IPCA), de 4,64% para 4,47% na semana passada.
As expectativas dos analistas do mercado financeiro foram coletadas
pelo Banco Central na semana passada e divulgadas nesta segunda-feira
(13) por meio do relatório de mercado, também conhecido como Focus. Mais
de cem instituições financeiras foram ouvidas.
Com isso, o mercado financeiro passou a estimar que a inflação ficará
abaixo da meta central de inflação deste ano, fixada em 4,5% pelo
Conselho Monetário Nacional (CMN), e que o objetivo central será
atingido. A última vez que o mercado havia estimado que a meta central
de inflação deste ano seria atingida foi em outubro de 2013, quando os
economistas estimaram um IPCA de 4,50% para 2017.
A meta central de inflação não é atingida no Brasil desde 2009. Naquele
momento, o país ainda sentia os efeitos da crise financeira
internacional de forma mais intensa, que acabou se espalhando pelo
mundo. A piora da crise financeira veio após o anúncio de concordata do
banco norte-americano Lehman Brothers, em setembro de 2008.
Pelo sistema de metas de inflação vigente, a meta não pode ser
considerada formalmente descumprida quando o IPCA fica dentro do
intervalo de tolerância - que, para 2017, é de 1,5 ponto percentual.
Neste caso, a inflação pode oscilar entre 3% e 6%. A inflação já havia
ficado dentro do intervalo no ano passado - após ter sido descumprida em
2015 ao superar a barreira dos 10%.
A previsão de que a meta central será atingida neste ano está
relacionada com o baixo nível de atividade. O Brasil passa por um
período de forte recessão, embora indicadores comecem a apontar para uma
melhora do nível de atividade nos últimos meses. Mesmo assim, o
desemprego e a inadimplência permanecem altas.
Com a economia fraca, a inflação está bem comportada. Na semana
passada, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
informou que o IPCA ficou em 0,38% no primeiro mês de 2017 - o mais
baixo para janeiro da série histórica, que teve início em dezembro de
1979. No mesmo mês de 2016, o IPCA havia atingido 1,27%.
Para 2018, a previsão do mercado financeiro para a inflação permaneceu
estável em 4,50%. O índice está em linha com a meta de inflação do
período (4,5%) e também abaixo do teto de 6% para o ano que vem.
Produto Interno Bruto
Para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2017, o mercado financeiro baixou
a previsão de um crescimento de 0,49% - expectativa da semana anterior -
para uma alta menor: de 0,48%.
O governo estima uma alta de 1%, mas o ministro da Fazenda, Henrique
Meirelles, já confirmou que deverá revisar este número para baixo.
O PIB é a soma de todos os bens e serviços feitos no país,
independentemente da nacionalidade de quem os produz, e serve para medir
o comportamento da economia brasileira.
Em 2015, houve uma contração de 3,8%, a maior em 25 anos. O resultado
de 2016 ainda não foi divulgado pelo IBGE, mas a previsão do mercado é
de um "tombo" próximo de 3,5%. Essa será a primeira vez que o país
registra dois anos seguidos de retração no nível de atividade da
economia – a série histórica oficial, do IBGE, tem início em 1948.
Para 2018, os economistas das instituições financeiras, porém, subiram de 2,25% para 2,30% sua estimativa de expansão do PIB.
Taxa de juros
O mercado financeiro manteve sua previsão para a taxa básica de juros
da economia, a Selic, em 9,50% ao ano no fechamento de 2017. Atualmente,
os juros estão em 13% ao ano.
Para o fechamento de 2018, a estimativa os economistas dos bancos para
taxa Selic continuou 9% ao ano. Com isso, estimaram que o processo de
corte dos juros terá continuidade no ano que vem.
A taxa básica de juros é o principal instrumento do BC para tentar
conter pressões inflacionárias. A instituição tem de calibrar os juros
para atingir índices pré-determinados pelo sistema de metas de inflação
brasileiro.
As taxas mais altas tendem a reduzir o consumo e o crédito, o que pode
contribuir para o controle dos preços. Quando julga que a inflação está
compatível com as metas preestabelecidas, o BC pode baixar os juros.
Câmbio, balança e investimentos
Na edição desta semana do relatório Focus, a projeção do mercado
financeiro para a taxa de câmbio no fim de 2017 recuou de R$ 3,40 para
R$ 3,36. Para o fechamento de 2018, a previsão dos economistas para o
dólar caiu de R$ 3,50 para R$ 3,49.
A projeção do relatório Focus para o resultado da balança comercial
(resultado do total de exportações menos as importações) em 2017 subiu
de US$ 46,5 bilhões para US$ 47,2 bilhões de resultado positivo. Para o
próximo ano, a estimativa dos especialistas do mercado para o superávit
recuou de US$ 40,5 bilhões para US$ 40,2 bilhões.
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